Por Ana Paula
Se você é cronicamente online, provavelmente já viu discussões acaloradas entre fãs de O Verão Que Mudou Minha Vida, seja sobre a beleza dos irmãos Fisher ou sobre qual time apoiar: Team Conrad ou Team Jeremiah. Eu, no entanto, não me importo com isso. Ainda assim, sou uma mulher adulta absolutamente obcecada por essa série adolescente — e há bons motivos para isso.
Baseada na trilogia de Jenny Han, também criadora da série do Prime Video, O Verão Que Mudou Minha Vida poderia facilmente ser mais um triângulo amoroso em um cenário litorâneo. Mas por trás do romance, há uma história sensível sobre amadurecimento, luto e laços familiares. A série acompanha Belly, uma garota de 16 anos que passa os verões com duas famílias amigas desde a infância. Ao longo das temporadas, ela se vê dividida entre dois irmãos — mas o que mais me cativa não é quem ela vai escolher, e sim quem ela é.

Acredito que há motivos concretos para o sucesso da série. O Verão Que Mudou Minha Vida encapsula todo o encanto e as dores do crescimento, ambientando isso em um cenário litorâneo idílico. A primeira temporada captura lindamente a montanha-russa emocional que é se apaixonar na adolescência, equilibrando expectativas idealizadas com a realidade. Enquanto os jovens descobrem novos sentimentos pela primeira vez, suas mães estão por perto para orientá-los, curar corações partidos e incentivá-los a vivenciar o amor. Já na segunda temporada, a morte de Susannah, mãe de Conrad e Jeremiah, lança uma sombra sobre os relacionamentos entre Belly e os irmãos, e também cria uma distância entre Belly e sua própria mãe. A ausência de adultos faz com que a narrativa mergulhe em uma camada emocional mais profunda e impactante: agora, os jovens precisam apoiar uns aos outros, pois parece que ninguém mais o fará. Ao contrário de outras produções do gênero, a série não subestima sua audiência jovem — ela entrega um drama de qualidade, e não apenas um monte de adolescentes sendo inconsequentes em busca de distrações frívolas. Sensibilidade e leveza são o cerne de O Verão Que Mudou Minha Vida.
Os irmãos Fisher, Conrad e Jeremiah, são personagens com mais camadas do que os antigos galãs de séries juvenis. Conrad, introspectivo e emocionalmente contido, expressa sua dor de forma silenciosa. Jeremiah, mais aberto e seguro de sua sexualidade, representa um tipo de sensibilidade diferente. Ambos fogem dos estereótipos masculinos tradicionais, o que torna a narrativa ainda mais interessante.
Mas o que há de melhor em O Verão Que Mudou Minha Vida é Belly. Ela nunca finge ser a mais inteligente da sala. É impulsiva, imperfeita e está apaixonada — e sofre por isso. Seus sentimentos complicados por Conrad e Jeremiah parecem maiores que tudo, porque ela tem 16 anos e, nessa idade, é assim mesmo. Ela comete erros, é julgada por eles, mas aprende. Ao contrário de outras protagonistas adolescentes que não me prenderam (por mais que eu tente, quase sempre abandono as séries), Belly amadurece de forma realista. Ela se coloca em primeiro lugar, sim, mas também pensa nas pessoas ao seu redor. Comete erros, mas respeita os sentimentos de quem foi afetado por eles. Belly não é uma adolescente caricata. Jenny Han é uma mulher adulta que respeita e valida a experiência emocional de uma garota de 16 anos.
Belly está no centro de sua própria história. Ela é surpreendentemente realista, uma heroína autoconsciente. Nem sempre tranquila — como seus relacionamentos —, mas seu otimismo e charme são cativantes, nunca irritantes. A atriz Lola Tung traz uma inocência convincente, e tudo o que você deseja é que Belly tenha o melhor da vida. Você torce, no fim das contas, pelo time Belly.
Talvez o mais curioso seja o quanto essa série, que não tem absolutamente nada a ver com a minha adolescência, me emocione tanto. Não vivi verões à beira-mar, tampouco amores adolescentes cinematográficos. Ainda assim, O Verão Que Mudou Minha Vida me permite acessar uma parte romântica e despreocupada de mim mesma que eu achava ter deixado para trás. A série é, para mim, uma viagem nostálgica às escolhas que não fiz. Acrescente Taylor Swift a trilha sonora — que também me desperta conforto e identificação — e pronto: temos a receita perfeita de uma série aconchegante e apaixonante para todas as idades.
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aiiii adoro a série e são exatamente esses sentimentos que ela desperta em mim também. acho uma série mt gostosinha.
Meu Deus, SIM!!! Excelente ponto de vista sobre a série! Gosto muito das personagens da Jenny Han (o que ainda ganha mais uma camada porque são garotas amarelas como eu) e é como se eu tivesse 16 anos de novo, sentimentos e inseguranças que parecem bobos pela ótica adulta, mas também fundamentais para gerar amadurecimento. Obrigada pelo excelente texto, vou até rever a série antes da terceira temporada!
Perfeito não é o destino é a trajetória, o crescimento e o entendimento envolvido.
Concordo plenamente, amo acompanhar a Belly e relembrar essa inocência e intensidade da juventude.
Aí, antes eu tinha vergonha de assumir que assistia pois achava que tinha um enredo tão bolo… até perceber todas as nunces dos personagens, quando fomos adolescentes passamos por momentos muito parecidos, um momento tão inocente o qual vivemos mas que reflete de maneira significativa quem somos hoje.
Adorei a narrativa da série. Eu não conhecia. Obrigadão!